domingo, 26 de dezembro de 2010

Del Hiero

Capitulo 2 - Enrascada
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Mais uma noite inospita...
O lixo que nos rodeia a nos extasiar com seu fedor morbido
Apenas mais um momento para dizer adeus
Seja de minha boca, ou de outra boca que consome o lixo do sistema
Ou seja,
Apenas de mais um milhonario que pensa apenas na propria pança cheia de escarnio e de vidas
Que se dão apenas para tentar sobreviver...
Mas não hoje, não ao ver o rubro correr sobre seus olhos,
E sua vida se esvair rapidamente numa penumbra negra
Como a chama de uma vela ao ser soprada.


[...]


Finalmente seu alvo se mostrava abrindo as portas pesadas do restaurante fino. Uma pena... Os ultimos segundos do velho gordo e calvo, com cerca de 50 e tantos anos e uma papada que daria para abrigar uma familia pequena. Enfiado num terno de risca-giz, era visivel e literalmente um alvo facil para Del Hiero. Disso não se tinha duvidas.
Um unico tiro bem colocado no supercilio direito do velho careca, que nem ao menos saberia de onde fora morto, e o sangue a manchar as roupas finas que alimentariam uma familia por quase dois meses.


— Mais um trabalho completo...


Essas eram as frias palavras que saiam com um meio sorriso da latina. A mesma pegava o rifle com velocidade e rolava para tras e tirava as travas especiais desmontando o M40A3 com poucos segundos e punha na maleta. As cordas ao chão, já a esperavam com a rota de fuga segura armada. Ou quase isso...
Saltava fazendo rapel pela lateral do predio, onde sua Hornet - que a proposito, fora roubada a poucos meses -
estava parada em um beco escondida.
Tudo corria como planejado, mas ela sabia, ela sentia que estava facil demais.
Ao chegar a sua moto, alguem estava a sua espera, um estranho homem vestindo um terno preto e por dentro do mesmo, uma camisa vermelha que com o chapeu sobre os olhos, apenas expressava um sorriso sarcastico nos labios finos e rosados, que acompanhavam a pele alva e palida.


— Que pena, não... Del Hiero... Acabar dessa forma...


A moça não hesitava e se lançava para ele com uma serie de acrobacias, que visavam lhe dar alguma cobertura caso ele atirasse. Conseguia, mas ao tentar um ataque, era repelida como um inseto incomodo.
O homem ria de maneira sadica e caminhava para ela deixando suas palavras sairem por entre os risos, coisa do tipo "Você pode tentar, mas não vai escapar... Não hoje..."
Não podia ouvir, Seus ouvidos ainda zuniam pela pancada e ainda estava atordoada demais para fugir. Rezava... Rezava como fora ensinada no reformatório puritano durante toda a adolescencia. Que diabos... O que mais odiara fazer, até mesmo mais do que quase ser estuprada nos corredores imundos do abrigo de delinquentes.
Sua oração deveria salvar sua alma... Mas não sua vida, não era esse o desejo da bala que adentrava seu peito deixando apenas o furo dormente e vertente. As luzes se apagavam, e novamente se acendiam. Mas aquilo estava longe de ser o beco, principalmente pelo barulho dos carros e cheiro de combustivel que fora substituido por cheiro de flores baratas e um bip irritante.


— Boa tarde, senhorita Gonzales...-


— Meu nome é Del Hiero — Retrucava a moça com furia e velocidade.


— Não aos olhos da lei. E como está em condições de ouvir, está presa e tem o direito de permanecer calada. Tudo o que disser e fizer, pode e será usado contra você!


[...] 7 dias se passavam desde que ela fora oficialmente presa. Fora julgada e condenada. Mas agora tinha mais que isso pra resolver.
Caçaria sem medo e sem perdão os que a trairam, e que a colocaram nessa enrascada. Assim como o maldito que a dera um tiro.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Del Hiero

Capitulo 1 — Alvo localizado.
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“[...] Dos olhos rubro sangue
Nascem as vertentes que alagam as ruas de vidas inocentes.
ABANDONADAS!
E a fúria quem apaga as luzes em meio aos raios
Golpeando uma. Duas. Inúmeras vezes
Nossos corpos lavados por mentiras, falsas promessas...
Essas, que nutrem um músculo involuntário.
O mesmo que dizem que guarda o amor,
Heh, amor... Meras ilusões que supostamente nos são dadas
E nos fazem querer que esse músculo pare,
Trazendo a procissão de preto que caminha entre os que dormem eternamente
E lavando putridamente essas almas de boa fé com falsas lagrimas e poluentes que caem das nuvens negras
Sendo apenas um pretexto a “eles”
Para abandonar, golpear e assassinar o inocente tempo
Que nos guia como marionetes...”

Palavras que pesadamente eram rabiscadas pela caligrafia caprichosa das mãos latinas, as quais eram revestidas por luvas de “meio dedo” feitas de couro sintético.
—Me traga mais um...
Bradava com calma voz e os olhos verde esmeralda na folha cor de jornal sobre o balcão de madeira maciça. Eleonora Del Hiero, mulher de 23 anos, mentalidade de 30 e um corpo escultural vestido de couro de cima a baixo em um conjunto de corpete, calça e coturnos.
Nada como um cenário habitual para a moça de pesados cabelos cacheados negros, e sedutores lábios rosados voltados a sua escrita e ao seu conhaque, que o barman acabara de colocar a sua frente, como pedido por ela.
O velho bar, com nada de anormal a não ser seus frequentantes — gangsters, capangas de mafiosos, traficantes de pessoas, coiotes, e outros — tinha uma cara pacata em meio a cidade, e as coisas por ali não eram assim por muito tempo...
Ressaca.
A vida boemia tem seus preços, e era isso que agora acordava a moça. Isso e o toque estridente do celular na mesa de cabeceira do hotel barato onde ela “morava” por assim dizer.
— Alo... Que horas são?
— Bom dia senhorita Del Hiero, e são dez e quinze da manhã...
— Maldito... Não quer acordar amanhã? É bom que seja uma ótima causa pra me acordar as dez da madrugada.
— Garanto que é de seu interesse, senhorita. Ouvi dizer que você faz... Er... Trabalhos por aí, é verdade?
— O que faço ou não, não é da conta de curiosos. Se tiver algo a dizer, seja rápido.
A moça se levantava e seguia até a janela por onde observava o prédio a frente por entre as cortinas mal lavadas.
— Ah, sim. Eu preciso que... Tire alguém do meu caminho.
A moça ria em deboche do homem, que aparentava ter medo de falar de algo tão... Trivial?
— Se sabe dos meus serviços, sabe dos meus preços também, não é?
— Não se preocupe com o dinheiro senhorita Del Hiero... Apenas faça o serviço, e será paga como merece.
Por mais que tudo aquilo fosse perfeitamente normal, Eleonora sentia a voz do homem na linha calma demais pra alguém que quer contratar um assassinato. Tinha alguma coisa errada. Ou seria apenas uma impressão por ainda estar de ressaca e seminua?
— Não tenho tempo para...
Ouvia-se o bocejo alto da moça, e certamente, quem a conhecia conseguiria imaginar como ela estava agora.
— Ora, não sejamos precipitados, senhorita Del Hiero. Eu sei que será gratifi--
A voz da moça se ouriçava e ela retrucava rápido antes de atirar o telefone sem fio sob a cama.
— Me mande os dados do individuo, e vou analisar se é conveniente a mim...
Com toda a certeza, havia algo a mais dessa vez, mas era algo tão pequeno que o sono e a ressaca, impediam a moça de perceber.
Em algum lugar de Boston, 22h20min.
Del Hiero colocava as roupas negras mais uma vez, e em seguida, seguia até o armário ao fundo do quarto onde afastava as roupas e olhava as armas penduradas como quem escolhe uma camiseta.
— E então, Qual das belezinhas vai brincar com a mamãe hoje?
Pegava as munições de rifle – um M40A3 pra ser mais preciso – e pequenas coisas que provavelmente iria precisar pra fuga (cordas, armas menores, etc.). A moça punha tudo dentro de uma mala de viagem e seguia até a mesa de cabeceira para olhar mais uma vez a cara do alvo na foto. Um homem de meia idade, calvo, queixo grosso que parecia mais uma bola, olhos profundos, rugas de nervosismo e um bigode que não parecia ser aparado desde a segunda guerra mundial.
O rumo das coisas ia bem por enquanto. Tudo estava favorável para cumprir o combinado, receber a grana e desaparecer pra sempre.
Del Hiero colocava a mala nas costas e seguia pra fora trancando a porta com a convicção no olhar, que parecia dizer de forma sedutora, “hora de trabalhar!”O local indicado para o alvo, apesar de incomum, era perfeito demais para que ela fizesse seu trabalho.
Um restaurante, onde ele se sentaria a janela e ela estaria de prontidão do outro lado da rua sobre um prédio de seis andares. Era simples demais, tinha algo errado. Mas... O que?
Del Hiero deixava suas emoções de medo e auto segurança de lado e seguia para o local, o qual chegava em pouco tempo. Deitava-se de bruços com o rifle montado a sua frente e apenas esperava que “o coelho pusesse a cabeça pra fora da toca”.