domingo, 14 de agosto de 2011

Mizuryuu no Eros

Capitulo 1 — Lembranças de um dia agitado.
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Um dia como outro qualquer, ao que podemos ver o sol se sobressair por entre as nuvens de um novo dia. Algo incomparável como a beleza de um céu resplandecente irradiando a paz e o descanso de noites bem dormidas e um pouco de sonhos bons. O cheiro das plantas rasteiras em conjunto com o orvalho gelado daquelas terras, causava certo conforto para aqueles que se levantavam junto com o sol que banhava de dourado e púrpura o céu que antes era de um imenso negro pontilhado de pequenas estrelas num azulado luminoso.
Era tudo imensamente lindo nesse momento, principalmente aos olhos daquele rapaz, que retornava ao único lugar que poderia chamar realmente de casa. Caminhava a passos lentos e largos, também visivelmente cansados da longa viagem e não podia evitar uma breve parada sobre uma pedra onde também encontrou algumas ervas aromáticas, e as degustou a fim de enganar o estomago enquanto não voltava. Imerso em seu manto e capuz de cor azul marinho, apenas com um detalhe em prata no centro do peito, o jovem recordava-se dos ocorridos da noite anterior, e o sono vinha lhe afagar os olhos até fazê-lo cochilar recostado nas paredes de pedra parcialmente congelada devido à noite fria.
Voltar para aquele lugar era de maneira estonteante uma coisa desagradável. Primeiro por estar a doze horas de viagem de qualquer lugar que conhecesse, e outra por saber o que havia ali. Os sentimentos de culpa no coração do rapaz o apertavam e se faziam lembretes do que ele deveria fazer e porque deveria.
A estrada íngreme e úmida levava a uma gruta no sopé de uma montanha, onde os moradores receavam e tampouco ousavam passar perto por dizer ser assombrada por um fantasma, mas como todos sabemos, fantasmas não existem. Ou será que existem?
Não importava para aquele jovem de cabelos dourados e o olhar azul assassino como a fera que era símbolo de onde viera. Um dragão.
Fosse o que estivesse ali, teria seu fim. Já que era pago para tal coisa e ainda tinha a promessa que fizera a mãe e a irmã antes de ser separado das mesmas.
Mantinha o passo apressado para dentro do local, e adentrava a gruta tão temida. A principio era apenas um corredor de pedra de uns quatro metros de largura por seis de altura, e seu teto apinhado de estalactites. Depois de um tempo caminhando, sentia-se um breve cheiro de flores trazido por uma brisa em conjunto com a sensação de perigo, mas nenhum desses fatos parecia amedrontar o mesmo, que apenas movimentava levemente os dedos fazendo uma leve bruma despencar dos mesmos.
Deparava-se então com uma parede recoberta de desenhos em alto relevo, coisas como pinturas rupestres, porem entalhadas contando alguma história sobre um “senhorio” que era servido naquelas terras. Um símbolo lhe era familiar ali, e levou a palavra “naihiune” a sair dos lábios de Eros de maneira sussurrada. E com um estrondo, como o de metal rachando, a parede começava a se mover, revelando uma escadaria de mármore coberta de estranhos ramos e limo dando um degrade de branco e verde. Desde ali, já era possível sentir a presença avassaladora e malfazeja além do leve queimar sob seu bíceps, confirmando que realmente não havia um fantasma ali, mas um demônio. Se seria um aliado em sua jornada ou seu inimigo, ele mesmo haveria de descobrir.
Descia lentamente ouvindo cada passo ecoar no mármore frio, e ao chegar ao fim dos degraus, iniciava-se a entrada do corredor duramente escuro com apenas sua saída visível ao longe. Apertando os olhos devido à claridade, ele finalmente estava no que parecia ser o centro de tudo aquilo.
Uma câmara arredondada com pilastras grossas a sustentarem suas extremidades. O solo era marcado por sulcos que formavam uma enorme runa deixando o rapaz confuso quanto aquilo. E no centro da sala, via-se a única e mais que suficiente forma de iluminação. Um orifício no teto permitia a entrada da luz do sol deixando a sala escura apenas em seus arredores.
Ao primeiro passo que Eros ousava, a runa se ativava em um tímido brilho esverdeado. Sua visão se turvava e logo ele não mais via nada além da escuridão da sua própria inconsciência.
Via-se ainda no lugar que estava, mas em pé. Seria isso uma ilusão ou sonho? Não saberia dizer ainda, porem nem tudo estava em seu lugar ali. Agora, bem ao centro da sala, era possível ver uma espécie de rosa gigantesca de um vermelho sanguinário, e em seu centro, o corpo de uma mulher da cintura pra cima, com cabelos negros e ondulados. A pele morena e convidativa aos olhos famintos por prazer, e o perfume que era levado para fora do lugar, pôr dessa vez ainda mais intenso. A mesma abria os olhos e repetia as palavras que o rapaz dissera antes junto a porta, e lançava suas videiras sobre o mesmo como chicotes. Não fosse o árduo treinamento de anos a fio, teria sido morto naquele momento, já que as pernas não se moviam. Juntava as mãos de frente ao peito, e recitando algo em um dialeto estranho, juntava as mãos ao peito e lançava uma rajada que parecia ser água sobre a mesma que começava a se congelar. Aos berros, a criatura findava e um clarão tomava a sala.
Despertava no solo com uma rosa vermelha ao seu lado, aquilo com toda certeza era um sinal de que sua missão fora cumprida e de que era hora de voltar.
O sol o forçava a abrir os olhos, vendo que estava na pedra onde se sentara para descansar antes. Num súbito, se levantava e voltava a caminhar, sentindo o estomago reclamar de fome e o resto do corpo de exaustão. Depois de cerca de uma hora a caminhar, podia ouvir os sons da grande cachoeira onde ficava a única escola de magia do lado leste do mundo, também conhecida por escola das águas.
A visão magnífica deixaria o homem que tivesse a mente mais aberta ainda sem reação por ver que a escola se sustentava sobre um enorme gêiser, de maneira que só os que eram selecionados e aceitos ali conseguiriam entrar. Ao ver o mesmo, Eros abria um sorriso singelo ao dizer “Estou de volta”.