domingo, 26 de dezembro de 2010

Del Hiero

Capitulo 2 - Enrascada
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Mais uma noite inospita...
O lixo que nos rodeia a nos extasiar com seu fedor morbido
Apenas mais um momento para dizer adeus
Seja de minha boca, ou de outra boca que consome o lixo do sistema
Ou seja,
Apenas de mais um milhonario que pensa apenas na propria pança cheia de escarnio e de vidas
Que se dão apenas para tentar sobreviver...
Mas não hoje, não ao ver o rubro correr sobre seus olhos,
E sua vida se esvair rapidamente numa penumbra negra
Como a chama de uma vela ao ser soprada.


[...]


Finalmente seu alvo se mostrava abrindo as portas pesadas do restaurante fino. Uma pena... Os ultimos segundos do velho gordo e calvo, com cerca de 50 e tantos anos e uma papada que daria para abrigar uma familia pequena. Enfiado num terno de risca-giz, era visivel e literalmente um alvo facil para Del Hiero. Disso não se tinha duvidas.
Um unico tiro bem colocado no supercilio direito do velho careca, que nem ao menos saberia de onde fora morto, e o sangue a manchar as roupas finas que alimentariam uma familia por quase dois meses.


— Mais um trabalho completo...


Essas eram as frias palavras que saiam com um meio sorriso da latina. A mesma pegava o rifle com velocidade e rolava para tras e tirava as travas especiais desmontando o M40A3 com poucos segundos e punha na maleta. As cordas ao chão, já a esperavam com a rota de fuga segura armada. Ou quase isso...
Saltava fazendo rapel pela lateral do predio, onde sua Hornet - que a proposito, fora roubada a poucos meses -
estava parada em um beco escondida.
Tudo corria como planejado, mas ela sabia, ela sentia que estava facil demais.
Ao chegar a sua moto, alguem estava a sua espera, um estranho homem vestindo um terno preto e por dentro do mesmo, uma camisa vermelha que com o chapeu sobre os olhos, apenas expressava um sorriso sarcastico nos labios finos e rosados, que acompanhavam a pele alva e palida.


— Que pena, não... Del Hiero... Acabar dessa forma...


A moça não hesitava e se lançava para ele com uma serie de acrobacias, que visavam lhe dar alguma cobertura caso ele atirasse. Conseguia, mas ao tentar um ataque, era repelida como um inseto incomodo.
O homem ria de maneira sadica e caminhava para ela deixando suas palavras sairem por entre os risos, coisa do tipo "Você pode tentar, mas não vai escapar... Não hoje..."
Não podia ouvir, Seus ouvidos ainda zuniam pela pancada e ainda estava atordoada demais para fugir. Rezava... Rezava como fora ensinada no reformatório puritano durante toda a adolescencia. Que diabos... O que mais odiara fazer, até mesmo mais do que quase ser estuprada nos corredores imundos do abrigo de delinquentes.
Sua oração deveria salvar sua alma... Mas não sua vida, não era esse o desejo da bala que adentrava seu peito deixando apenas o furo dormente e vertente. As luzes se apagavam, e novamente se acendiam. Mas aquilo estava longe de ser o beco, principalmente pelo barulho dos carros e cheiro de combustivel que fora substituido por cheiro de flores baratas e um bip irritante.


— Boa tarde, senhorita Gonzales...-


— Meu nome é Del Hiero — Retrucava a moça com furia e velocidade.


— Não aos olhos da lei. E como está em condições de ouvir, está presa e tem o direito de permanecer calada. Tudo o que disser e fizer, pode e será usado contra você!


[...] 7 dias se passavam desde que ela fora oficialmente presa. Fora julgada e condenada. Mas agora tinha mais que isso pra resolver.
Caçaria sem medo e sem perdão os que a trairam, e que a colocaram nessa enrascada. Assim como o maldito que a dera um tiro.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Del Hiero

Capitulo 1 — Alvo localizado.
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“[...] Dos olhos rubro sangue
Nascem as vertentes que alagam as ruas de vidas inocentes.
ABANDONADAS!
E a fúria quem apaga as luzes em meio aos raios
Golpeando uma. Duas. Inúmeras vezes
Nossos corpos lavados por mentiras, falsas promessas...
Essas, que nutrem um músculo involuntário.
O mesmo que dizem que guarda o amor,
Heh, amor... Meras ilusões que supostamente nos são dadas
E nos fazem querer que esse músculo pare,
Trazendo a procissão de preto que caminha entre os que dormem eternamente
E lavando putridamente essas almas de boa fé com falsas lagrimas e poluentes que caem das nuvens negras
Sendo apenas um pretexto a “eles”
Para abandonar, golpear e assassinar o inocente tempo
Que nos guia como marionetes...”

Palavras que pesadamente eram rabiscadas pela caligrafia caprichosa das mãos latinas, as quais eram revestidas por luvas de “meio dedo” feitas de couro sintético.
—Me traga mais um...
Bradava com calma voz e os olhos verde esmeralda na folha cor de jornal sobre o balcão de madeira maciça. Eleonora Del Hiero, mulher de 23 anos, mentalidade de 30 e um corpo escultural vestido de couro de cima a baixo em um conjunto de corpete, calça e coturnos.
Nada como um cenário habitual para a moça de pesados cabelos cacheados negros, e sedutores lábios rosados voltados a sua escrita e ao seu conhaque, que o barman acabara de colocar a sua frente, como pedido por ela.
O velho bar, com nada de anormal a não ser seus frequentantes — gangsters, capangas de mafiosos, traficantes de pessoas, coiotes, e outros — tinha uma cara pacata em meio a cidade, e as coisas por ali não eram assim por muito tempo...
Ressaca.
A vida boemia tem seus preços, e era isso que agora acordava a moça. Isso e o toque estridente do celular na mesa de cabeceira do hotel barato onde ela “morava” por assim dizer.
— Alo... Que horas são?
— Bom dia senhorita Del Hiero, e são dez e quinze da manhã...
— Maldito... Não quer acordar amanhã? É bom que seja uma ótima causa pra me acordar as dez da madrugada.
— Garanto que é de seu interesse, senhorita. Ouvi dizer que você faz... Er... Trabalhos por aí, é verdade?
— O que faço ou não, não é da conta de curiosos. Se tiver algo a dizer, seja rápido.
A moça se levantava e seguia até a janela por onde observava o prédio a frente por entre as cortinas mal lavadas.
— Ah, sim. Eu preciso que... Tire alguém do meu caminho.
A moça ria em deboche do homem, que aparentava ter medo de falar de algo tão... Trivial?
— Se sabe dos meus serviços, sabe dos meus preços também, não é?
— Não se preocupe com o dinheiro senhorita Del Hiero... Apenas faça o serviço, e será paga como merece.
Por mais que tudo aquilo fosse perfeitamente normal, Eleonora sentia a voz do homem na linha calma demais pra alguém que quer contratar um assassinato. Tinha alguma coisa errada. Ou seria apenas uma impressão por ainda estar de ressaca e seminua?
— Não tenho tempo para...
Ouvia-se o bocejo alto da moça, e certamente, quem a conhecia conseguiria imaginar como ela estava agora.
— Ora, não sejamos precipitados, senhorita Del Hiero. Eu sei que será gratifi--
A voz da moça se ouriçava e ela retrucava rápido antes de atirar o telefone sem fio sob a cama.
— Me mande os dados do individuo, e vou analisar se é conveniente a mim...
Com toda a certeza, havia algo a mais dessa vez, mas era algo tão pequeno que o sono e a ressaca, impediam a moça de perceber.
Em algum lugar de Boston, 22h20min.
Del Hiero colocava as roupas negras mais uma vez, e em seguida, seguia até o armário ao fundo do quarto onde afastava as roupas e olhava as armas penduradas como quem escolhe uma camiseta.
— E então, Qual das belezinhas vai brincar com a mamãe hoje?
Pegava as munições de rifle – um M40A3 pra ser mais preciso – e pequenas coisas que provavelmente iria precisar pra fuga (cordas, armas menores, etc.). A moça punha tudo dentro de uma mala de viagem e seguia até a mesa de cabeceira para olhar mais uma vez a cara do alvo na foto. Um homem de meia idade, calvo, queixo grosso que parecia mais uma bola, olhos profundos, rugas de nervosismo e um bigode que não parecia ser aparado desde a segunda guerra mundial.
O rumo das coisas ia bem por enquanto. Tudo estava favorável para cumprir o combinado, receber a grana e desaparecer pra sempre.
Del Hiero colocava a mala nas costas e seguia pra fora trancando a porta com a convicção no olhar, que parecia dizer de forma sedutora, “hora de trabalhar!”O local indicado para o alvo, apesar de incomum, era perfeito demais para que ela fizesse seu trabalho.
Um restaurante, onde ele se sentaria a janela e ela estaria de prontidão do outro lado da rua sobre um prédio de seis andares. Era simples demais, tinha algo errado. Mas... O que?
Del Hiero deixava suas emoções de medo e auto segurança de lado e seguia para o local, o qual chegava em pouco tempo. Deitava-se de bruços com o rifle montado a sua frente e apenas esperava que “o coelho pusesse a cabeça pra fora da toca”.



sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O medico e o monstro parte 5

Capitulo 5 - O fim... 
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As coisas não iam de forma a se poder dizer que bem, ainda mais com dois de seus amigos exaustos e reclamando, um deles morto, e o outro aparentando ter contraído uma doença estranha, a qual o deixava inapto a lutar por causa da febre e de outros sintomas. Parecia que ele iria mesmo morrer, mas isso não seria permitido nessas circunstancias. Não com Regulo no comando da operação.
[...]
O dia começara de uma forma estranha até mesmo para esses que lutavam com coisas absurdas há dias, o vento não soprara hoje. As baixas estavam altas para um grupo de cinco pessoas.
Um homem morto e outros três em exaustão devido ao ultimo dos ataques — depois que Baron foi degolado, esses homens sofreram pelo menos mais quatro ataques dos homens-lobo.
Gabriel deixava um gemido doloroso soar, e ao ver, estava a algum tempo deitado entre as raízes de uma arvore e transpirava visivelmente.
Estevam se aproximava dele e punha-lhe a mão a testa e olhava para os outros com sinal de más noticias.
Regulo se levantava e olhava como estavam suas armas, e então começava a bradar em tom audível aos presentes.


— Muito bem... Sei que estão cansados, e agora nosso amigo está doente... Não posso pedir que fiquem, seria arriscado. Voltem para o Vaticano e cuidem dele, vou pegar essa fera hoje, nem que seja a ultima coisa que eu faça!


Os dois que ainda se punham conscientes se assustavam com as palavras dele, e tentavam contestá-lo, mas era apenas um esforço em vão.
Já tinha sido decidido.
Partiam em viagem agora com Gabriel nos braços enquanto deixavam Regulo a espreita.
O tempo ia passando, e ele ia limpando e preparando suas armas, seu intelecto, sua alma. O sangue jorraria hoje, e ele estava certo de que não seria o dele.
Ao que o sol caia, ele se alojava entre as raízes da arvore onde Gabriel estava deitado e armava sua besta.
A lua lentamente se formava como a esfera brilhante e prateada no alto do céu deixando a visibilidade menor, de forma a qualquer pessoa “normal” ser atrapalhada pela penumbra, só havia um porem... Regulo e os outros templários haviam treinado muito bem para situações dessa magnitude.
Um uivo agudo rasgava o silencio da noite deixando-a com um ar de inospitalidade e sede de sangue, e era o momento que o rapaz se levantava, com as roupas que mostravam por que estavam há tanto tempo a serviço, porem essas eram totalmente pretas com uma cruz vermelha no peito, afim de disfarçar o mesmo na sombras.
Passos lentos por entre as folhas e os galhos no chão, sua besta acompanhando seus olhos a espreita para o momento que o monstro resolvesse aparecer. Seu objetivo era apenas um, matar o monstro em um único tiro. Mas, parece que o universo estava a conspirar contra o templário.
O lobisomem saltava sobre ele fazendo o mesmo derrubar a arma longe de onde pudesse alcançá-la.
Para a sorte de Regulo, o monstro apenas o desarmara. Sacava então adagas de prata de trás da cintura, e se punha em guarda contra a criatura.
Por certa de dez minutos, os dois apenas trocavam golpes e esquivas, até que Regulo atingia um golpe violento na barriga da Besta que urrava, e em fúria, atingia o braço esquerdo do rapaz – que azar ser canhoto nessas horas.
Com um braço parcialmente inapto, o rapaz girava o corpo numa rápida sequencia de três chutes potencialmente colocados nas costelas do monstro, mas não era o suficiente para abatê-lo. Apenas o deixava com mais raiva, e os olhos famintos a se mostrarem ainda mais sedentos.
Ele saltava sobre Regulo. Estava pronto para esmigalhar a cabeça do mesmo a dentadas, quando um virote tratava de atravessar a nuca do monstro e aparecer em sua testa, com a ponta reluzente e o sangue a gotejar sobre o templário.
Ao sair de debaixo do homem que estava na forma da besta, Regulo via Cassius se aproximar e ajudá-lo a levantar.
Três dias depois, estavam eles mais uma vez em um funeral no qual eram responsáveis. O de ninguém menos que o Doutor Marken Von Fiskan. O pesar da morte de Baron ainda estava com eles, mas os olhares ainda tinham o ar de homenagem ao amigo e o sentimento de missão cumprida.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O médico e o monstro parte 4


Capitulo 4 - Lobos 1 x 1 Templários 

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... De repente, tudo se calava. A inospitalidade da cena mostrava que nada daquilo era um sonho. Para Regulo, mais que um pesadelo... Ver seu amigo morrer de forma tão brutal e tão sorrateira, era como arrancar suas entranhas com as mãos nuas.
Os olhos semi-abertos pelo colapso causado ao ferimento deixavam ainda mais que a fúria interna consumisse os companheiros, mas, o que fora aquilo? Como acontecera? Apenas se via antes os olhos rubro sangue se abrirem e as presas como as de uma pantera se mostrarem em um urro. Do resto, apenas a cena que paralisara os presentes num sentimento em branco e preto.
O sangue correndo pelo chão formando um espelho avermelhado aos próximos, assim como a Besta a frente de todos que ainda mortal, rosnava com a fome tenebrosa nos olhos. Quem os via, deduzia fielmente que a carne dos poucos que estavam no lugar, inclusive o defunto, seriam pouco para a fera.

[...]

 Depois do incidente com o garoto, que tinha o mal da licantropia, os templários foram chamados de volta a Roma. A viagem de cinco dias não era fácil, mas era uma coisa a mando de Vossa Santidade o Papa Bonifácio IX.
Passado o tempo e as poucas dificuldades, inclusive a quase queda de um penhasco, os cinco homens chegavam a Basílica de São Pedro e começavam a procurar pelo cardeal que lhes diria por que foram chamados de volta. O lugar como sempre, deixava Regulo com uma sensação perturbada, como se algo fosse ou estivesse errado ali.
Passos que ecoavam devido ao silencio e ouvidos atentos a tudo, por um acaso, tal silencio levava a entender que era o voto de penitencia por algo.

Dom Basílio já deveria ter aparecido, o que está acontecendo aqui? – Essas eram as palavras sussurradas por Estevam que se lembrava de sempre ser muito bem recebido pelo cardeal. Esse, mal sabia o que lhes esperavam. Afinal, as noticias não eram boas.
Depois de mais alguns passos adentro da enorme basílica, eles podiam observar um homem bastante grisalho, com rugas mais do que profundas. Vestia uma batina totalmente negra com uma espécie de cinto rosa na cintura. Um pequeno gorro da mesma cor do cinto realçava ainda mais a presença do homem com os pequenos olhos azuis como os de uma ave de rapina que se prepara ao bote.
Poderia ser mais alguém do que o homem conhecido como o juiz dos impuros e injustiçados? Definitivamente não. Esse era o apelido mais comum entre os crentes sobre Dom András, o húngaro era o tipo de homem que punha medo em crianças apenas com a sua presença distante.
Independente de quem fosse, ele ainda não conseguia esconder seus sentimentos. A tristeza era aparente em si.
Em poucos minutos ele contava o ocorrido aos recém chegados. O homem que fora trazido a basílica – e que também possuía licantropia – assassinara Dom Basílio. A surpresa era gigante aos templários, eles apenas se retiravam do recinto com as palavras “vamos pega-lo” em suas bocas, mentes e almas.
Sabendo que eles não apareciam à luz do sol, esses homens tratavam de encontrar o meio lobo o mais rápido possível.
Reviraram a basílica e a cidade enquanto o dia corria como o vento, o sol finalmente começava a cair e apenas um lugar restava. A floresta.
Embrenhavam-se lá como cães de caça armados com suas espadas passadas pelas gerações de seus avôs até eles e suas bestas mais que confiáveis, ou quase isso.
Sem que eles percebessem, a noite caia e logo eles precisavam acender tochas pra continuar. A luz da lua passava por entre os galhos serenamente enquanto uma brisa leve farfalhava as folhas das arvores.

— Fiquem atentos... Ele pode estar por aqui.

A voz de Regulo parecia mais pesada a cada passo que davam adentrando a floresta a procura do homem-lobo, até que um uivo descomunal rasgava a noite deixando-os mais alerta.

Hora de brincar... — dizia Baron de forma sorridente esperando pelo monstro. Mas não teria a oportunidade de falar algo mais.
Das trevas, saia o monstro a passos lentos como em uma emboscada, e depois de um forte urro, Baron caia por terra.
Todos se espantavam e ficavam a procurar enquanto Estevam baixava-se para olhá-lo. Mas era tarde, o destino cruel se encarregara de levar a alma do homem. E depois de um suspiro pesado de tristeza e fúria, Regulo dizia em baixo tom, mas o suficiente pra que todos escutassem.

— Não quero rastros de vida desse demônio. Se o encontrarem, não tenham piedade...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O médico e o monstro parte 3


Capitulo 3 - Dois já foram, falta um!
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É estranho pensar que uma coisa pode simplesmente ter aparência amigável e confiável, e no segundo seqüente, ela tenta acabar com a sua vida. Simplesmente te lacerar a carne a sangue frio ou pior, usar-te como uma isca.
A sensação de repugnância não para de percorrer seu corpo quanto ao traidor. Nenhum sentimento amigável, nenhum laço existente. Apenas uma coisa em sua mente gélida. Vingança.
O desejo de ter nas mãos a vida daquele que mostrou a você o quão ganancioso e perverso pode ser o ser humano, ou alguém que fosse quase isso.
Pode-se ver depois, o quanto é lamentável o resultado. As lagrimas nos olhos inocentes e o desejo mortal de gerar ainda mais vingança dos próximos do ser. Deve ser por isso, que sempre dizem por aí: “Violência só gera mais violência”. São essas coisas que fazem os corações se tornarem impuros na hora de seus julgamentos, os sentimentos são coisas boas, porem devemos controlá-los de forma a sentirmos, mas não nos deixar dominar...
Passaram-se mais ou menos dois dias realmente CALMOS depois da chegada dos Templários no vilarejo. Isso deveria ser devido ao tempo chuvoso que se formou após o mesmo, impedindo a luz da lua de chegar aos “monstros”, segundo os moradores que sobreviveram e continuavam por ali. Devido à ameaça, por que então não fugiam? A resposta era simples, não tinham pra onde ir! Sua única escolha era sobreviver à ameaça que estava à espreita. Nossos possíveis heróis estavam na estalagem da praça principal. Uma praça realmente bela, e incomum para o tamanho do vilarejo. Tinha cerca de vinte metros de diâmetro e ao centro um chafariz com ornamentos sacros e anjos segurando grandes jarros por onde a água translúcida corria. Acompanhando seu formato circular, ficavam algumas poucas casas, a mercearia, a taverna, a prefeitura, o que parecia ser a delegacia, a cadeia e a estalagem. No circulo também havia postes que iluminavam o lugar à noite, mas que com o tempo chuvoso, permaneciam acesos.
Plantas mais rasteiras como pequenos arbustos e bancos fechavam a arquitetura simples e hospitaleira do local, era realmente uma pena estar quase tudo feito aos pedaços.
Pela janela da estalagem, via-se a luz de uma vela acesa e um homem de barba mal feita usando um chapéu de couro observando a pequena praça como se tivesse um objetivo maior que a missão, já que o homem lobo fora levado da cidade para o vaticano, para que lá pudessem arrumar uma cura para ele.

Concentre-se, Regulo. Olhar pela janela não vai trazer as Bestas aos nossos pés, precisamos de um plano.

O mesmo olhava para o companheiro com ar de repreensão, mas juntava-se a eles no centro do quarto a planejar como poderiam emboscar as criaturas. E não encontravam alternativas a não ser trazer a mesma pro centro da cidade. Isso sem contar que seria um risco muito grande pra cada um deles, mas era preciso.
Depois de alguns minutos, os mesmos decidiam descansar, se revezando em guarda.
Algumas horas depois, a chuva cessava e o céu começava a se abrir, ainda revelando o sol de fim de tarde, diziam-se por ali umas quatro horas da tarde, ou um pouco mais. De qualquer forma, todos eles tinham fome, se sentiam sujos ou tinham outras necessidades imediatas, que tratavam de cumpri-las o mais rápido possível e montavam guarda novamente. Não era de se esperar por menos, mas o tédio os tomava durante algum tempo, afinal, nada que os fizesse agir aparecia. Eventualmente um serviçal ou mesmo o dono da estalagem ia ver como eles estavam e se precisavam de alguma coisa, o que os fazia manter o foco e evitar que adormecessem.
Finalmente, a noite caia lentamente e como precisos caçadores, eles começavam a se posicionar em pontos estratégicos e deixavam próximo ao chafariz, um carneiro morto, ainda sangrando.

Vamos ver quantos deles pegamos hoje Estevam...

Palavras confiantes de Regulo antes de sair da estalagem deixando apenas o homem com o qual falara de tocaia na janela. Os outros eram Albert, que estava nos telhados da prefeitura.
Cassius ficava entre uma casa e a mercearia, escondido sob uma lona em frente a uma caixa. Gabriel, no segundo andar da taverna. Baron se alojava na cadeia com a porta entreaberta. E Regulo se punha nos telhados da delegacia.
A comunicação deles era um tanto falha, já que tinha que se basear em sinais rápidos e pouco precisos. Mas evitavam, procurando se concentrar ao maximo na emboscada. Não demorava muito pra se ouvir um uivo de estremecer os dentes, e lá estava ele. Cerca de dois metros e meio de pura sede de sangue e fúria. Uma verdadeira Besta a abocanhar a carne do carneiro arrancando-lhe grandes talhos.
Os homens se entreolhavam com os virotes com ponta de prata preparados para pegar o estranho monstro.
A saraivada era eminente, e como o mesmo se distraia comendo, eram cinco tiros certeiros, que atingiam o mesmo no pescoço, na perna, nas costas e no peito. Um urro e ele tentava fugir, mas com aqueles ferimentos, ele não ia muito longe com aqueles ferimentos.
Logo ao alcançar a rua, ele caia ofegante e começava a reassumir a forma humana.

Dois já foram, falta um! — Bradava Baron com toda a confiança e excitação por pegar um dos monstros. Mas o mesmo engolia cada palavra ao ver o que tinha abatido, por mais horrível e triste que possa parecer, era apenas um menino de uns treze, catorze anos no maximo.
No dia seguinte os mesmos compareciam ao funeral para prestar suas honras, e jurar que pegariam o monstro que lhe tinha colocado em tal destino.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O médico e o monstro parte 2


Capitulo 2 - A chegada de ajuda

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Licantropia... Um mal que assolou os tempos medievais. Não se sabe ao certo quando surgiu ou quando se espalhou, mas dizem por aí que se formou com maior massa por volta do século XIV.
Dito que eles existiam, o clero reprimiu os boatos que corriam sobre homens que se transformavam em bestas violentas metade homem, metade lobo. Diziam eles: "O caos reinará e o medo tomara os corações das pessoas se deixarmos que isso tudo se espalhe...".
Mas a verdade que eles ocultaram, levou a morte de varias pessoas e tornou os homens-lobo, lendas.
Da Romênia para o centro da Itália, aonde chegou aos ouvidos da Vossa Santidade, o papa Bonifácio IX. Este se preocupava com os fiéis do catolicismo e enviava as mensagens para que fossem enviados os homens que tanto prezava e que seguiam a serviço das mãos do homem que comandava a igreja. Esses eram tataranetos e descendentes dos chamados Cavaleiros Templários, e tinham orgulho de carregar seu nome e símbolo.
Diferente apenas por poucos aspectos, os bravos guerreiros eram requisitados em casos de pandemia para que ajudassem exploradores com suas buscas e – Quase 70% das vezes – proteger a vida desses de perigos que eles mesmos se enfiavam. Não trajavam as pesadas armaduras como seus antepassados, mas mantinham em seus peitos o estandarte alvo com a cruz rubra. Tinham como suas armas e aliados, suas bestas, suas espadas, as almas implacáveis que herdaram e sua fé.
Eram enviados a península espanhola onde um caso fora encontrado num pequeno vilarejo, um estudioso que procurava pela cura de outro mal – como se esse ainda não fosse o suficiente – a peste negra, que aterrava toda a Europa. O homem chamado Marken Von Fiskan, filho de um alemão com uma espanhola que faleceu ao seu nascimento, fora aprisionado após a sua transformação terminar e o mesmo cair inconsciente. Agora, trancafiado, e ainda com a única peça de roupa que lhe restara, estava ele com as calças em farrapos e preso a correntes pelos pulsos na cadeia do vilarejo sob vigilância constante.
Dentre os Templários, estava aquele que fora aclamado por ser filho do homem caçador de bruxas. Trajava a tradicional camisa branca com uma cruz vermelha no canto do peito, que fazia seu trajeto por toda sua extensão. Sobre essa, usava um sobretudo de couro bastante gasto. Calças compridas e botas de viagem compunham a vestimenta do mesmo, e ainda via-se em sua cabeça o chapéu que fora passado de geração em geração. Em suas mãos, via a outra herança que lhe fora deixada, a besta que foi dada como mais precisa em sua época.
A chegada dos mesmos na tarde de 20 de outubro de aproximadamente 1396 era marcada pela brisa gelada e as folhas secas das arvores a despencarem das arvores. O grupo de cinco homens adentrava o vilarejo vendo a destruição que fora causada pela besta. Marcas de garras na madeira das paredes das casas, janelas despedaçadas, casas em ruínas, telhados derrubados, pessoas tentando levantar novamente seus telhados, sim, a coisa tinha sido catastrófica. Mas parecia que apenas os sonhos e os egos dos moradores haviam sido feridos.
Os recém chegados observavam tudo e comentavam entre si sobre estatísticas do animal que por ali passara, era uma coisa que ainda não tinha sido vista por nenhum deles. Mas sabiam que era grande e forte.
Adiantavam-se até a cadeia para interrogar o prisioneiro, e a cada passo que adentravam mais nas vielas entre casas, sentiam ainda mais o cheiro da morte. A experiência lhes mostrara que era preciso ter cuidado ali, ou simplesmente se afastar de lá o mais rápido possível. Porem, seu juramento sagrado de cumprir as ordens que foram dadas falava mais alto. Enfim estava lá a pequena construção de pedras e uma porta de madeira. Que lugar mais aquele poderia ser?
 Ao abrir as portas da cadeia, Regulo Burkie olhava para o “enjaulado” e prosseguia com as palavras de forma pacifica, mas imponente.


— Vamos... Conte-me tudo.
Marken tentava se lembrar de tudo o que acontecera após ser mordido na noite mais terrível que já tivera em sua vida, mas em vão. Sua memória se perdera assim que a insanidade do animal o deixara.


— Senhores, parece que temos algo que foi esquecido há tempos, algo que foi dado como uma lenda em nossas mãos.... Preparem os virotes de prata e água benta, vamos caçar!


Os homens se olhavam com seriedade, e começavam a sair do local, junto com o sol que deixava o dia.

 Imagem de templario meramente ilustrativa.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O médico e o monstro

Introdução e capitulo inicial.
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O que é pior que uma morte implacavel e fulminante? O que seria pior que perder uma das coisas que mais se precisava na vida, como a fala ou o movimento das proprias pernas? O que seria pior que cometer um crime e pegar a prisão perpétua?
Uma história um tanto antiga pode relatar isso a todos nós. Ouve-se rumores dela ainda hoje em casos sobre um homem que possuia o maior dos males dentro de si. Fora condenado a viver longe de tudo o que mais amava e o que mais prezava, a unica coisa que realmente tinha.... Sua familia e amigos.
Nessa ocasião, o homem, era apenas um estudioso professor tentando descobrir alguma coisa que curasse ou mesmo que pudesse amenisar os sintomas da peste negra. Pesquisar mais e mais, plantas, minerais, misturas, qualquer coisa que ajudasse. Doutor Marken... Um homem honesto, e amante das coisas mais simples, adentrava na floresta proxima ao vilarejo onde mantinha residencia e apressadamente procurava por coisas conhecidas e novas. Apenas a luz da lua por entre os galhos e seu lampião a gasolina iluminavam o que ele podia ver. Pisava a passos cuidadosos sobre pedras e algumas outras plantas que nem mesmo imaginava o que fossem – ao menos na baixa luminosidade não podia identifica-las – e tomava providencias pra que nada passasse aos olhos preocupados cobertos pela lente dos oculos enormes devido a miopia.
Guardava mais e mais coisas nos bolsos do jaleco branco que já parecia ter qualquer outra coloração devido a sujeira. Sob este, usava uma camisa de um tom azul claro e calças marrons bastante surradas, assim como o sapatos de couro.
— Preciso encontrar algo rapido, antes que isso se espalhe pelo vilarejo... Maldita doença, vou encontrar a cura ou meu nome não é Marken von Fiskan.
Essas eram as palavras de um homem determinado, mas quem sabe o que o esperava no meio da floresta?
Outro homem, não muito distante dali, estava sob efeito de estranhos sintomas, parecia estar louco ou possuido por algo que ninguem nas redondezas conhecia, mas fazia as pessoas terem medo de se aproximar ou até mesmo de chamar a atenção do maltrapilho. Neste, via-se os olhos avermelhados e arregalados e a face palida a transpirar intensamente. A camisa branca e suja de sangue se punha no mesmo estado das calças. Pisava pesadamente as pedras da rua do vilarejo estranho e parecia farejar no ar o cheiro de alguma coisa, lançava ao ar um urro e começava a rasgar suas roupas de forma brutal, como se fossem feitas de fogo e queimassem intensamente sua pele. Seu rosto se esticava formando uma espécie de fucinho, seus caninos se alongavam e pelos inumeros cobriam o corpo do mesmo que agora se tornava monstruoso. Meio-homem, meio-lobo. Ali estava uma das lendas mais temidas do mundo a correr para a floresta como um avido caçador. Esbarrava em arvores e deixava as marcas de sua passagem bastante explicitas. Farejava ainda mais o ar de forma a procurar por seu alvo, e ao ver que estava a caminho, deixava soar seu uivo que faria até mesmo o mais poderoso dos homens ter arrepios.
Doutor Marken escutava os sons, e de forma a tentar escapar de algo que pudesse impedi-lo de ter exito em curar a peste, começava a correr de volta para a cidade, mas por ironia do destino, ele topava com a besta que o engolia com os olhos.
O médico, usava de astucia jogando um pouco de terra nos olhos da besta e correndo na direção oposta a ela, tentando esquivar-se dos inumeros golpes que ela lançava enquanto urrava de furia. Um desses atingia-lhe o braço e o fazia desequilibrar e bater contra uma arvore ficando incapacitado a correr mais. E para mais surpresas pouco agradaveis, a criatura saltava sobre ele e lhe mordia proximo ao pescoço abrindo grandes buracos no ombro. — Argh.... — O som da dor parecia deixar o monstro ainda mais em frenezi, mas uma nuvem cobria a lua.
Aos poucos, a criatura soltava o homem, começava a se contorcer e voltar a ser apenas mais um homem comum caido em meio as plantas. Mas uma coisa era mais do que certa, a esses dois homens, apenas restava dois caminhos, o de viver como uma besta insana, ou de descansar eternamente e deixar que os vivos cuidem de seus legados.